Em 2012 foi realizado um estudo de acupuntura - a análise
mais rigorosa e detalhada do tratamento até o momento – que descobriu que esta
terapia pode aliviar enxaquecas e artrite e outras formas de dor crônica.
As descobertas fornecem forte apoio científico para uma
terapia milenar usada por cerca de três milhões de americanos a cada
ano. Embora a acupuntura tenha sido estudada por décadas, o corpo da
pesquisa médica vinha sendo desenvolvido, até certo ponto, por estudos pequenos
e de baixa qualidade. Financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e
realizado em cerca de meia década, esta pesquisa foi uma análise detalhada de
pesquisas anteriores que envolveram dados sobre quase 18.000 pacientes.
Os pesquisadores, que publicaram seus resultados no
Archives of Internal Medicine (Arquivos de Medicina Interna), descobriram que a
acupuntura superou os tratamentos tradicionais quando usados por pessoas que
sofrem de osteoartrite, enxaquecas e dores crônicas nas costas, pescoço e
ombros.
"Este tem sido um assunto controverso por um longo
tempo", disse o Dr. Andrew J. Vickers, pesquisador do Method
Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova Iorque, e o principal autor do
estudo. “Mas quando você tenta responder à pergunta da maneira certa, como
nós, você obtém respostas muito claras”.
"Achamos que há provas firmes de apoio à acupuntura
para o tratamento da dor crônica".
A acupuntura, que envolve a inserção de agulhas em vários
pontos do corpo para estimular os chamados acupontos, está entre as formas mais
praticadas de medicina complementar nos Estados Unidos e é oferecida por muitos
hospitais. Mais comumente o tratamento é procurado por adultos que
procuram alívio da dor crônica, embora também seja usado com
frequência crescente em crianças. Segundo estimativas do governo americano,
cerca de 150.000 crianças nos Estados Unidos foram submetidas à acupuntura em
2007.
Mas, apesar de toda a sua popularidade, questões sobre sua
eficácia são comuns há muito tempo. São aqueles que juram experimentando verdadeiro
alívio ou o bálsamo psicológico do efeito placebo?
O Dr. Vickers e uma equipe de cientistas de todo o mundo -
Inglaterra, Alemanha, Suécia e outros lugares - buscaram uma resposta agrupando
anos de dados. Em vez de calcular a média dos resultados ou conclusões de
anos de estudos anteriores, uma forma comum, mas menos rigorosa de
meta-análise, o Dr. Vickers e seus colegas selecionaram pela primeira vez 29
estudos randomizados de acupuntura que eles determinaram ser de alta
qualidade. Em seguida, contataram os autores para obter seus dados brutos,
que examinaram e reuniram para análise posterior. Isso os ajudou a
corrigir problemas estatísticos e metodológicos com os estudos anteriores,
permitindo-lhes chegar a conclusões mais precisas e confiáveis sobre se a
acupuntura realmente funciona.
Depois de todo o material reunido, o processo meticuloso foi
feito pela equipe por cerca de seis anos. "Replicar praticamente
todos os números relatados em dezenas de artigos não é uma tarefa fácil ou
rápida", disse Vickers.
A meta-análise incluiu estudos que compararam a acupuntura
com os cuidados habituais, como analgésicos de venda livre e outros
medicamentos padrão. Também incluiu estudos que usaram tratamentos sem
fundamentos na acupuntura, nos quais as agulhas foram inseridas apenas
superficialmente, por exemplo, ou em que pacientes em grupos de controle foram
tratados com agulhas que secretamente lhes eram retiradas.
Em última análise, o Dr. Vickers e seus colegas descobriram
que, no final do tratamento, cerca de metade dos pacientes tratados com acupuntura
verdadeira relataram melhorias, em comparação com cerca de 30% dos pacientes
que não realizaram o tratamento.
“Havia 30 ou 40 pessoas de todo o mundo envolvidas nesta
pesquisa e, como um todo, a sensação era de que esse era um efeito de dimensão clinicamente
importante”, disse Vickers. Esse é especialmente o caso, ele acrescentou,
dado que a acupuntura “é relativamente não-invasiva e relativamente segura”.
Vickers disse que os resultados do estudo sugerem que as
pessoas submetidas ao tratamento estão recebendo mais do que apenas um impulso
psicológico. "Eles não estão apenas obtendo algum efeito
placebo", disse ele. "Não é algum tipo de ritual de cura
estranho."
Em um editorial de acompanhamento, o Dr. Andrew L.
Avins, pesquisador, que se concentra em dor musculoesquelética e medicina
preventiva, escreveu que a relação entre o atendimento médico convencional “e o
mundo da medicina complementar e alternativa permanece ambíguo”. Pelo menos no
caso da acupuntura, ele escreveu, o novo estudo fornece “evidências sólidas” de
que ela oferece “benefícios sobre o tratamento usual para pacientes com
diversas fontes de dor crônica”.
Fonte: The New York Times em https://well.blogs.nytimes.com/
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